Resposta a Críticas à Petição

Se os canis/gatis tivessem boas condições para os animais, estaria a incentivar-se ainda mais o abandono, pois as pessoas veriam que os animais ficavam bem entregues e depositá-los-iam lá constantemente!

Seguindo esse raciocínio, o recomendável seria tornar as condições dos canis/gatis o pior possíveis, por forma a reduzir o número de abandonos. Obviamente, tal é ridículo, tal como a questão original. Os animais merecem ser tratados condignamente e é nossa responsabilidade garantir que assim acontece.

Em Portugal, não há sequer dinheiro para oferecer boas condições de saúde às pessoas, pelo que é ridículo falar no tratamento condigno dos animais nos canis/gatis municipais!

Num país onde se gasta tanto dinheiro mal gasto (por exemplo, em estádios de futebol desnecessários e outras obras faraónicas) não nos podemos seguramente desculpar com a falta de dinheiro para negar aos animais o tratamento condigno que estes merecem. Não somos seguramente um país rico, mas temos dinheiro mais do que suficiente para oferecer dignidade aos animais. Até porque esta dignidade não passa tanto por grandes investimentos, mas passa antes por uma questão de política e organização. Uma política coordenada de controlo populacional (por oposição a uma política de extermínio) poderá inclusive permitir poupar dinheiro, o qual poderá ser aplicado na melhoria das condições dos canis/gatis municipais.

Esta petição é completamente utópica! Na prática, os canis/gatis municipais só têm duas hipóteses: ou praticam eutanásia nos animais ou recusam a entrada de novos animais (ficando os mesmos ao abandono)!

A eutanásia de animais significa abater animais gravemente doentes para alívio do seu sofrimento. Quando se trata de abater animais saudáveis estamos a falar de extermínio, não de eutanásia.

Ver o problema como uma escolha entre matar ou deixar os animais ao abandono é uma visão simplista. O problema da superpopulação (que está na causa da sobrelotação dos canis/gatis) não se resolve com o extermínio de animais saudáveis. Esta é, aliás, uma conclusão recorrente de vários estudos fidedignos sobre o assunto, incluindo estudos da Organização Mundial de Saúde.

Combater a superpopulação de animais com o extermínio é combater os sintomas do problema, e não combater a sua causa. Enquanto o extermínio for encarado como solução para o problema da superpopulação de animais, o problema jamais será resolvido.

Nós, humanos, somos os responsáveis por este trágico ciclo de reprodução, abandono e morte. É nossa responsabilidade combater o problema pela raiz.

Obviamente que o problema da superpopulação de animais não será resolvido de um dia para o outro, nem por decreto. Será naturalmente necessário percorrer um longo caminho. Nesse caminho, inclui-se a necessidade de ter canis/gatis municipais com condições dignas para os animais e a exclusão do abate como forma de controlo populacional. Outras medidas de uma política coordenada de controlo populacional incluem:

- informação e educação das pessoas que têm animais, no sentido de esterilizarem os seus animais e não os abandonarem
- punição eficaz a quem abandonar animais
- promoção de programas de esterilização públicos e privados
- promoção activa da adopção dos animais nos ganis/gatis
- desincentivo da venda de animais

Têm sido desenvolvidos com êxito programas de controlo populacional (sem recurso a abate de animais) em várias partes do mundo, incluindo países com escassos recursos financeiros como, por exemplo, a Costa Rica. Não há nenhum motivo para que não se consiga fazer o mesmo em Portugal; o comodismo e a falta de competência não são desculpa.